Quando
era garoto e morava em Jacarepaguá, lá em casa nasceu um gatinho malhado de
branco e preto. Era filho único de uma gata negra que se hospedou no quintal. Foi batizado de José Peroba, nome dado pela minha
mãe, não sei por que. Passamos a chamá-lo Zé Peroba.
Observamos,
tão logo veio ao mundo, que Peroba possuía o estranho hábito de chupar o dedão
da pata dianteira. A mania bizarra chamava atenção. Sempre onde dormia deixava
uma poça de baba.
Era
um gato genioso, chato e mal humorado, nunca teve um irmão para dividir as
coisas, por isso se tornou também egoísta. Gostava de se divertir escondendo-se
atrás de algum móvel para nos surpreender e arranhar nossos pés, era infernal.
Não adiantava colocá-lo para fora e fechar os basculantes, ele empurrava e
entrava, invadia a casa por qualquer fresta que descuidadamente deixávamos, às
vezes trazia um amigo. Até hoje tenho pesadelos tenebrosos com isso.
O Zé
tinha uma dieta estranha, gostava de abacate e não dispensava um pedaço de
beterraba, o que tornava seu cocô avermelhado.
Naquela época não existia esta estória de sair
castrando os gatos, aí o Zé saia pra rua toda noite pra pegar gatinhas, fazia
um barulho amedrontador. Costumava nestes passeios surrar os gatos dos vizinhos.
Dia seguinte vinham as reclamações.
O
danado do gato gostava de dormir na minha cama quando eu estava ausente, nunca
conseguia flagrá-lo, mas o colchão afundado, quente e com pelos estava lá para
irritar.
Amávamos
o Zé Peroba, era parte da família. Certo dia simplesmente desapareceu. Até hoje
suspeito de um cara na vizinhança chamado Osni, o sujeito ficava sempre
acocorado na calçada em frente a sua casa e tinha uma tara de literalmente comer
os gatos da redondeza. Minha mãe até perguntou para ele, mas o cara-de-pau
negou sem olhar nos olhos.
A
mania de chupar o dedão perdurou durante toda a existência do gato. Saudades do
Zé Peroba.
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