Certa vez numa manhã bucólica brincava no quintal da minha casa tranquilamente, a mãe havia saído com meu irmão mais novo, em casa estávamos somente eu e minha irmã, que vigiava o feijão no fogo.
De repente ouvi uma explosão e senti o chão tremer, o estrondo veio da cozinha. O susto foi grande, saí para ver o que havia acontecido. É claro que toda a vizinhança ouviu também o estardalhaço.
Quase que instantaneamente meus vizinhos começaram a minar para dentro de nossos domínios, vinham de todos os lados. Formou-se uma pequena multidão na porta da cozinha, onde eu também estava querendo saber o que havia ocorrido. Minha irmã saiu de lá de dentro, de um mar de estilhaços de feijão preto, e falou com cara de paisagem para os curiosos:
- Barulho? Não ouvi. Ué... Não sei do que vocês estão falando.
Foi difícil acreditar no que ela disse, pois estava coberta de feijão dos pés a cabeça, o exaustor havia sido arrancado, a pia de aço inox estava vincada, havia um furo no teto e uma panela retorcida no chão. As paredes estavam pintadas de preto, uma cena dantesca. Mas diante da negação e da cara de “não imagino do que se trata” da minha irmã os vizinhos resolveram não perguntar mais e se retiraram.
Eu dei um toque que achava que eles não tinham engolido a estória de que nada havia ocorrido, mas minha irmã estava brava com a invasão da casa.
Até hoje não sei se ela se queimou com todo aquele feijão na cara e nos cabelos. Engraçado, nunca encontramos o pino preto da tampa da panela. A mim restou o medo de ferver coisas na panela de pressão.
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