Quando eu era garoto, existia um quadro do Jô Soares na TV em que o protagonista resumia conversas longas e cheias de rodeios em uma só palavra que dizia tudo, sempre introduzida por "vou no popular". A idéia deste blog é ser claro nas opiniões. Vamos falar também de filmes, músicas, livros ou qualquer trabalho que valha a pena comentar.



domingo, 19 de agosto de 2012

Vamos morrer, e daí?

Um dia conversando com um amigo falei que não queria perder tempo estudando coisas acadêmicas, pois se tivesse boa sorte teria mais uns 20 anos de vida saudável, que gostaria de gastar com outras coisas. A reação do amigo foi como a de todos com relação ao tema: “não fala assim, eu hein... não gosto de pensar nestas coisas”. Frases desse tipo ouvimos sempre que nos referimos a morte.

Qual o problema? Vamos morrer sim, todos nós, como nossos antepassados. Por que fugir da questão?

Sei que há pessoas que evitam o assunto por ainda não terem feito algo importante em suas existências. Muitos se preocupam em primeiro organizar a vida financeira e aí se perdem. A tal coisa importante vai ficando sempre para depois, até não dar mais tempo. A morte é o limitador, fim da chance, portanto é palavra que reporta a cobrança, coisa que ninguém gosta.

Acontece que quando ela vem, a caveira com a foice, pega todo mundo desprevenido e o desespero é total. Talvez se falássemos mais no tema “passar desta” fluiria mais suave.

Quando eu era garoto tinham uns livros de estorinhas infantis contadas por Andersen e pelos irmãos Grimm que eram bem macabras, muitas tinham a morte como personagem. Antes eu achava estranho, pensei até que a explicação poderia estar naquelas baboseiras de mensagem oculta do mal. Hoje entendo o que eles queriam dizer, que a morte faz parte da vida e desde cedo precisamos entender que ela é presente, natural.  Quem sabe por influência dos contos não estou escrevendo este texto agora.

Já me peguei algumas vezes imaginando algumas mortes e suas consequências, inclusive a minha, uma espécie de ensaio para não ser pego de surpresa. Pode ser um bom exercício para se adaptar a este momento que logo virá, sem distinções. Hoje tenho 46 anos, passaram rapidinho, se viver mais 46 chego há 92 anos. Será? Acho difícil, só sei que chega logo, como chegou para minha mãe, meu pai e para um monte de gente que deixou de existir.

Tinha um amigo que toda vez que via um grupo reunido costumava dizer que daqui a 100 anos ninguém estaria mais vivo, soava meio bobo, mas tinha lá sua sabedoria.

Portanto, amigos, não falar no assunto não afastará o indesejado “Zé Maria”.  Acrescente este assunto aos papos sobre dieta, concurso público, problemas de família e etc. e boa morte!