Quando eu era garoto, existia um quadro do Jô Soares na TV em que o protagonista resumia conversas longas e cheias de rodeios em uma só palavra que dizia tudo, sempre introduzida por "vou no popular". A idéia deste blog é ser claro nas opiniões. Vamos falar também de filmes, músicas, livros ou qualquer trabalho que valha a pena comentar.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Uma esmola para uma senhora pobre

Certo dia da minha adolescência caminhava pela praça IV com meu amigo Roberto quando fomos abordados por uma senhora, que nos pediu dinheiro. Contou sua estória triste que veio atrás de um emprego, mas não foi admitida por não ser mais jovem e precisava de algum tostão para voltar para casa, só faltou chorar. Coitada. Falei para ela que infelizmente só tinha uma nota de 10 e não poderia ajuda-la. Minha ideia era fazer a mulher desistir do pedido com uma solução inteligente, afinal eu passaria a ideia de que era legal e queria ajudar, só não tinha trocado. Na época eu era um estudante pobre, qualquer trocadinho fazia falta. Meu amigo Roberto, ingênuo como era, iria ver como eu era esperto.

Para surpresa minha a mulher tinha uma solução. Perguntou-me quanto eu podia dar, eu disse que um cruzado. Ela enfiou a mão na bolsa e me veio com um monte de moedas dizendo que podia trocar as 10 pratas. Bom, eu concordei, mas como não sou besta, pedi que ela me desse em notas, pois tinha um monte na bolsa dela e eu não ia ficar com o bolso pesado de níqueis. A mulher topou. Pedi uma nota de cinco e quatro de um como troco. Comentei com o Roberto que se a gente fosse bobo ela levaria as 10 pilas, pelo menos só levou uma. Foi uma boa ideia ela trocar o dinheiro.

Passado uns dias, viajava em meu ônibus, o infernal 260, quando a cena me veio à cabeça. A fixa caiu. Putz! Se a velhota tinha tanto dinheiro para trocar então...  Eu era tão ingênuo quanto meu amigo Roberto, que também nem percebeu que havíamos sido enrolados pela tal senhora. A partir daquele dia me tornei cético quanto aos pedintes.