Quando eu era garoto, existia um quadro do Jô Soares na TV em que o protagonista resumia conversas longas e cheias de rodeios em uma só palavra que dizia tudo, sempre introduzida por "vou no popular". A idéia deste blog é ser claro nas opiniões. Vamos falar também de filmes, músicas, livros ou qualquer trabalho que valha a pena comentar.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

São coisas diferentes

“Fazer amor é ver um filme juntinhos, preparar um jantar a dois, ou qualquer outra coisa do gênero. Fazer sexo é fazer sexo mesmo.”

domingo, 19 de maio de 2013

Nossa Jovelina pérola negra

Era uma manhã de algum dia dos saudosos anos 80. Bateu no portão da casa da minha mãe, onde eu morava com meus irmãos, uma senhora afro descendente, tinha 1.48 de altura, usava um lenço na cabeça que escondia os cabelos completamente brancos. Tinha braços e mãos grandes em proporção ao corpo. Seu nome era Jovelina, dona Jovelina. Ela disse que ficou sabendo que minha mãe precisava de alguém para ajudá-la em casa, e por isso bateu a porta. Era verdade, estava difícil para nossa mãe dar conta da casa apenas com nossa ajuda.

Perguntamos a idade daquela senhora, que disse não saber ao certo, mas nos explicou que quando uma negra fica com a cabeça branca e olhos acinzentados é por que já é muito velha.

Dona Jovelina disse que já havia morado na senzala e que sua mãe a colocava com seus irmãos no chão de terra e os cobria com sua saia, por isso ela nunca dormia no colchão. Contou também que a patroa sempre abria uma bíblia enorme e mostrava uma imagem do que aconteceria com os negrinhos que desobedecessem. Segundo ela era uma figura onde havia um caldeirão e um monte de meninas e meninos negros dentro da água fervente.

Com o tempo descobrimos que dona Jovelina tinha várias personalidades. Minha mãe estava preocupada por que ouvia ela conversando no quintal com estranhos todas as manhã, antes mesmo de nos levantarmos. A maior parte das vezes parecia que dona Jovelina falava com um homem. Um dia acordei cedo e fiquei olhando pela fresta da janela. Lá estava a velha senhora conversando com ela mesma e fazendo várias vozes, algo muito louco.

Um dia ela disse para minha mãe que ela podia matar uma branca só com dois dedos, ao ver pelo tamanho do polegar e do indicador era bem possível. A mãe ficou morrendo de medo e seu sono passou a ficar agitado.

Dona Jovelina nos chamava carinhosamente de sinhozinho e sinhazinha, no caso da minha irmã. Ela gostava muito mais do meu irmão, o sinhozinho André, a quem defendia incondicionalmente.

Uma vez vi dona Jovelina sair do sério por que lhe oferecemos um siri. A mulher virou o bicho e disse que ninguém ia obrigá-la a comer aranha do mar. Ninguém insistiu mais, minha mãe tratou de acabar com a estória, certamente com medo dos dois dedos.

Mas o episódio mais bizarro da passagem de dona Jovelina por nossa casa eu ainda não contei. Parece mentira mais aconteceu de verdade. Certo dia eu estava fazendo exercícios na barra, tinha uma chumbada entre o muro e a parede lateral da casa. Eu me gabava por fazer muitas flexões naquele aparelho. Dona Jovelina chegou e ficou me olhando. Ela me disse que também poderia fazer aquilo. Claro que não seria possível, foi o que eu disse. Então Dona Jovelina perguntou quantas barras eu havia feito, disse que foram 10, ela me desafiou dizendo que fazia 11, aceitei por educação aquela tarefa impossível para uma senhora tão velha.

Jovelina subiu em um banquinho e se pendurou na barra...

Pota que los paris!!!

A velhinha fez 11 barras!!!

Imagine minha cara de marmota, eu acabara de perder um desafio para uma mulher com provavelmente mais de cem anos, sorte que estávamos somente eu e ela para presenciar aquela humilhação. Eu tinha amigos que não conseguiam fazer nenhuma flexão, imagino como se sentiriam vendo aquela cena inimaginável. Quem acreditaria em mim se eu contasse? Pensei que era melhor guardar para mim o acontecimento.

Foram muitas as pérolas de dona Jovelina, e um dia, assim como apareceu, resolveu ir embora. Pegou sua mala e partiu, minha mãe foi atrás dela para oferecer carona, ela disse que não precisava e sumiu no mundo.

Ao chegar à casa a mãe constatou que ela havia deixado tudo que ganhara de nós. Dona Jovelina havia desaparecido sem deixar vestígios.
 

domingo, 12 de maio de 2013

Conversa no metrô, parte II, o bebum

Um dia desses peguei o metrô aqui em Brasília, estava lotado, daquele jeito que você fica colado no outro passageiro. Algumas vezes a gente da sorte de colar com uma mulher bonita e cheirosa, mas a chance de acontecer é de uma em 100, e não foi meu caso. Adesivo a mim estava um bêbado que resolveu discursar durante a viagem. Minha sorte foi que ele estava a minha direita e, portanto, se dirigia a quem estava a sua frente.

A figura falava muitas coisas engraçadas, em um determinado momento afirmou que todo homem casado será, está sendo ou já foi corno. Segundo suas palavras o homem na verdade ao invés de casar candidata-se a corno. Como tinha de ser, a machaiada presente reagiu, para tornar o ato mais hilário.

Um homem lá no meio retrucou:

- Agora não achei engraçado o que você disse. Minha mulher nunca me colocou chifre.

Respondeu o bebum:

- Veja só, você é um homem bonito, não é? Mas sempre existe um mais bonito que você. Eu mesmo já fui corno umas cinco vezes, que eu tenha conhecimento, e sou feliz.

Outro corno, segundo a teoria do alcoolizado, revoltado questionou:

-Então você está dizendo que não existe mulher decente?

Neste momento o palestrante e eu olhamos para as mulheres presentes. Elas davam sorrisinhos.

- Você é quem está dizendo isso. Eu não falei que as mulheres não são decentes, falei que sempre tem um camarada mais bonito que nós. É um fato. Ser corno é questão de oportunidade. Explicou o bêbado.

Veja a sabedoria do ébrio em comparação a tosquice dos ouvintes. O que seria uma mulher decente na concepção daquele rapaz? Talvez seja aquela mulher que fica em casa cozinhando, lavando, passando, cuidando de crianças e só faz “papai e mamãe” enquanto o sujeito se diverte na rua com as não decentes.

O primeiro foi pretencioso ao afirmar que a mulher dele nunca lhe colocou chifre. Como ele poderia ter tanta certeza? Mais uma vez o bebum foi mais sábio.

Aprendi uma coisa naquele dia com o pinguço: É melhor relaxar e não ficar pensando nestas coisas, afinal o que o homem pode fazer a mulher também pode.

domingo, 5 de maio de 2013

Zé Rufino Bondecopo


Uma homenagem aos amigos que na verdade gostam mesmo é de beber.