Quando eu era garoto, existia um quadro do Jô Soares na TV em que o protagonista resumia conversas longas e cheias de rodeios em uma só palavra que dizia tudo, sempre introduzida por "vou no popular". A idéia deste blog é ser claro nas opiniões. Vamos falar também de filmes, músicas, livros ou qualquer trabalho que valha a pena comentar.



sábado, 2 de abril de 2011

Seu chefe, seu carrasco


Algumas coisas a gente ouve desde muito cedo. Uma delas é o que dizem sobre aqueles que adquirem o poder. Existe o mito de que quem ganha uma função de chefia muda da água para o vinho, e, a partir deste momento, realmente saberemos quem é aquela pessoa. Um grande equívoco, mais um chavão que as pessoas ouvem e repetem sem refletir.

Somos o que somos. Não nos transformamos sem mais nem menos só por que passamos a ter alguém subordinado a nós. É muito comum pessoas que têm sede de poder puxarem saco de quem está acima deles e serem crueis com seus subordinados. Estes costumam chegar bem alto na carreira. Não quer dizer que mudaram: se você observar vai ver que apenas seguiram seu caminho natural. Pode ser que a nova situação apenas tenha lhes realçado algum traço de caráter.

Esse fato se tornou uma verdade tal que, em alguns casos, independe como aquele que contraiu uma chefia age: ele será um babaca que mudou quando assumiu o poder. As pessoas já estão doutrinadas, é como se fosse uma lei da natureza. Esta forma de agir, senso comum, me faz pensar que na verdade apenas o que muda é o conceito de quem compra esta ideia sobre o que assume a liderança.

Já tive chefes bons e ruins. O bom a gente valoriza e apoia, o ruim a gente espera o tempo passar que ele se vai. Fico feliz quando algum amigo se torna meu chefe. Até hoje não vi nenhum mudar por que virou o comandante. É um prazer trabalhar ao lado de um amigo, não estou nem aí pra esse papo de que se é chefe temos que hostilizar.

Se a regra é abominar o chefe, imagino que a contrapartida seja o chefe maltratar sempre o subordinado, o que seria insano. Não somos obrigados a seguir este padrão.

Precisamos nos libertar dos pensamentos de massa, são fáceis de seguir, mas tem preço alto. Nosso povo se acostumou ao paternalismo, daquele que comanda se espera um comportamento de pai, do subordinado um filho que precisa de castigo. Esta relação nefasta está ultrapassada e precisa ser erradicada de nossa sociedade.


3 comentários:

  1. Acredito que poder e dinheiro não fazem a mágica da transformação do bonzinho em malvado.Essa crença é maléfica para as pessoas, pois fazem com que sintam medo do poder e do dinheiro, como se fosse até um pecado tê-los e que fazem mal para a índole.
    Concordo quando diz que eles são apenas amplificadores das característica naturais de cada um.
    Cabe a cada um fazer a sua escolha de crença.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Não gosto de generalizações e taxações, acho preconceituoso e pouco inteligente. Mas recentemente tive uma péssima experiência com a tal da chefia. O cara que antes era um colega de mesmo nível hierárquico que eu, passava desapercebido, na verdade não fedia nem cheirava, mas bastou o poder da chefia pra virar um tirano puxa-saco de superior com ar de desprezo pelos inferiores. Desculpa amigo, mas com minha última experiência com chefia pude comprovar sim o velho chavão "queres ver a índole de uma pessoa, dê poder a ela". Talvez eu não tenha percebido antes de quem se tratava, por isso foi preciso vir a tal da chefia para eu enchergar. Concordo com você, chefia não transforma, mas nos dá a lupa necessária pra sabermos com quem estamos lidando.

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